Tem dias que nós somos obrigados a acordar bem, mesmo que as olheiras ainda insistentes apareçam, mesmo que o lado mulherzinha baixe logo às seis da manhã. Temos a obrigação de acordar, porque dormir no ponto não dá, é perda de tempo. Pode-se tentar de modos diferentes colocar um objeto de formato triangular em uma forma de geometria quadrada, mas acontece que é algo impossível e insistir impiedosamente no impossível, é burrice.
Sabe qual é a maior ironia da vida? É dizermos que andamos não fazendo nada, pois por um bom tempo o mundo deu uma pausada brusca em nossas vidas monótonas e igualmente idiota, quando na verdade vivemos fazendo movimentos elípticos, rotações e translações e mais alguns tipos de voltas redondas, indiferentes e chatas que fazemos em trezentos e sessentas e cinco dias.
Quando não há um ponto para o começo, o meio e o fim... É difícil seguir em frente, mesmo que sem ter um centro do mundo, do nosso mundo, temos que andar por ai, continuamente, dando voltas e mais voltas. Encontremos Plutão. Encontremos Marte. Encontremos Júpiter e alguns outros planetas que tenha por ai. Sempre procuramos algo onde não tem, um ponto onde não há fim, um centro no canto do mundo, sempre procuramos por uma luz que nos guie, por uma luz que seja a razão do mundo ser mundo, o motivo para que os opostos se atraiam. Um motivo para que as diferenças sejam tentadoras. Procura-se, pelo menos por mim, um motivo para que eu desista de você e eu, ou se preferir, nós.
(Ana Luiza G.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário