Com um sorriso passageiro e insano me lembro com um gosto acido de limonada na boca, alguns pingos em minha blusa branca e olhos lacrimosos, recordo-me dos grãos miúdos, pequenos, quase partículas que havia deixado para traz. Um dia desses me lembrei de uma pescaria que fiz com meu pai, onde ele ensinava àquela miniatura de vassoura invertida a colocar a minhoca nojenta na vara de pescar, e a ter paciência de esperar a vara se envergar - o que era sinal de peixe iscado -. Nunca fui fera nisso, mas meu pai... Nossa... O meu pai é o senhor da pescaria, sempre me encantei com essa habilidade quase glorificante que ele tem.
Um dia, deitada encolhidinha no sofá como de costume fazia quando era menininha descabela, me lembrei das vezes que eu ficava brava com a mamãe e ia correndo pro meu quarto chorar sem ao menos saber o motivo, chorar apenas por chorar, só pra não acumular muitas lagrimas nos olhos, a melhor parte da corrida até meu quarto e da cachoeira desenfreada e sem sentido que descia dos meus olhos era quando minha mãe abria a porta mancinho como uma brisa e vinha ligeira me dar um abraço banhado a “eu te amo Aninha!”, aquela sensação de segurança e afeto vinha como uma enxurrada tapando com toda a força qualquer vazio que existisse em mim.
O tempo passa e eu não sou mais aquela pirralinha japonesa de cachinhos queimados pelo sol, nem mesmo brinco de correr pela casa com meu irmão e nem o obrigo mais a brincar de casinha, bem que eu queria ainda ter essa idade, mas por mais que eu grite, berre, tente ecoar minha loucura toda aos céus pra ver se alguém pelo menos escuta, não dá, não tenho mais tempo, já se foi àqueles dias, àquelas horas, aqueles minutos e segundos. Agora os tempos são outros, já não tenho a paciência que meu pai tanto me ensinou, nem mesmo a segurança que a minha mãe me transmitia, nem a capacidade de ser feliz apenas por brincar de correr, os tempos são outros, difíceis e solitários, são barreiras que descobrimos quando deixamos de ser inócuos, é como se estivéssemos fazendo um contrato inconsciente com um futuro incerto e indiferente, onde tentamos não perder nossas origens, mas vem o mundo sujo e suga tudo isso por inteiro, sem piedade, sem misericórdia e o que fica são apenas lembranças de algo tranqüilo que não viveremos nunca mais!
O tempo passa e eu não sou mais aquela pirralinha japonesa de cachinhos queimados pelo sol, nem mesmo brinco de correr pela casa com meu irmão e nem o obrigo mais a brincar de casinha, bem que eu queria ainda ter essa idade, mas por mais que eu grite, berre, tente ecoar minha loucura toda aos céus pra ver se alguém pelo menos escuta, não dá, não tenho mais tempo, já se foi àqueles dias, àquelas horas, aqueles minutos e segundos. Agora os tempos são outros, já não tenho a paciência que meu pai tanto me ensinou, nem mesmo a segurança que a minha mãe me transmitia, nem a capacidade de ser feliz apenas por brincar de correr, os tempos são outros, difíceis e solitários, são barreiras que descobrimos quando deixamos de ser inócuos, é como se estivéssemos fazendo um contrato inconsciente com um futuro incerto e indiferente, onde tentamos não perder nossas origens, mas vem o mundo sujo e suga tudo isso por inteiro, sem piedade, sem misericórdia e o que fica são apenas lembranças de algo tranqüilo que não viveremos nunca mais!
Obs.: Não tenha medo de dividir o seu amor.
(Ana Luiza Gonçalves)
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