quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Vazio infernal


Já se passaram noventa e oito dias em que mantenho em cativeiro privado um sentimento torturado, ainda me encontro com uma insolente indecisão. Já fiz curativos, também retirei alguns, torturei mais um pouco e nada de haver reações, nada de um pedido de misericórdia, nem um mero grito de dor, um sorriso sarcatisco, apenas aquelas mesmas pupilas dilatadas e viajantes, um par de olhos negros e vagos que eu jamais havia visto.

Eu poderia ter tentando ser um pouco mais corajosa como demonstro em meus trajes de guerrilheira, na minha bota suja de merda e nas minhas armas sadomasoquistas sentimentais.  Eu deveria ter sido uma atleta melhor e corrido atrás do que necessito, por mais que odeio sentir aquela dor lateral na barriga, eu sei que valeria apena. Mas acontece que preferi ficar descontente me contentando com o pouco que eu poderia encontrar nas esquinas da vida, preferi ficar degustando aperitivos e nunca me deliciar com o prato principal.  


Durante algumas madrugadas de insônia eu trenei alguns discursos, alinhei alguns passos, trabalhei duro em um mapa que detalhava com precisão como fazer as coisas darem certo na minha vida fudida, mas como já não é de se surpreender decide não colocar em pratica nem 1/3 do que havia planejado, sabe como é... Não é mesmo?!É melhor me manter na minha zona de conforto, não arrisco, apenas continuo petiscando, por medo, covardia, comodismo, ou apenas por querer preservar a sua felicidade individual e egoísta que não dá a mínima para o meu vazio infernal.

Talvez eu tenha sido cruel de mais comigo mesma. Essa historia toda de aceitar pacificamente a minha autoflagelação e canalização de aceitamentos sujos. Sei que como devota de filmes de amor e comedia romântica, eu deveria ter feito mais, mas como sou infiel comigo mesma, ter fidelidade as minhas lagrimas e ferreiros Roche assistindo a mais uns clichês do amor não é bem a minha cara.
Todos aqueles planos e juras que fiz debaixo do edredom não foram mentiras, já as suas juras não sei o quanto foram verdadeiras contigo e comigo. Por enquanto eu deixarei livre a tua arrogância e com certeza não irei te esquecer, por mais que me trate como uma desconhecida na populosa metrópole belorizontina.
(Ana Luiza G.)

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