segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ela



Por um momento pensa em fazer tudo para ter ele novamente ao seu lado, lhe fazendo carinho, fazendo-a sorrir, lhe olhando enquanto ela estava atenta vendo aquele programa que ele dizia gostar, quando ele falava, suas palavras tinha até um ar de glorificação quanto àquele cara da TV que comia peixe cru no meio da floresta. Seu ídolo. Esparramada na cama pensa até em tocar no seu violão uma canção do John Mayer, uma que o nome é Your body is a wonderland. Iria cantá-la apenas para ver se ele voltava para os seus braços. Só pra ver se sua admiração por ela ou até mesmo pelo seu violão ou sei lá pela voz de pata roca, viesse a se tornar real de novo.

Mas ai vem às horas, os dias, as semanas, os meses e junto a eles um balde de água gelada recaí molhando todas as suas vontades bobas e acaba enxergando que na verdade ao seu lado não tem nada, e para curar essa falta, esse vazio constante, só mesmo o tempo e o amor próprio. Então, a cada segundo que se passa tenta transformar um amor ao outro em um amor por se própria. Tarefa difícil, trabalhosa, desgastante para uma mulher e um violão.

Ela tenta. Dobra papeis rabiscados. Coloca as pernas na parede ao lado da cama. Levanta. Olha para seu reflexo no espelho. Olha para seu celular. Vai até seu número. Pensa em ligar. Desiste. Senta. Deita. Rola. Mostra a sua inquietude toda em seus movimentos, que mais parecem com passos de dança. Ela revira os olhos. Olha para o nada. Fica atenta. Fica desatenta. Senti dor no coração. Senti falta de um olhar. Ela sente. Hora ela não sente. Na verdade, preferi sentir dor que não sentir nada. Lê livros. Lê linhas. Tenta lê a mão, para ver se adivinha o futuro. Tola. Lê cartas deixadas por ele. Vê fotos antigas, onde apareciam felizes. Ela chora. Não ri. Abri um sorriso acanhado quando se lembra do passado. Droga de passado, porque para viver tem que existir passado, presente e futuro?Ela escora na escrivaninha, abaixa a cabeça, pensa, pensa, pensa e não consegui pensar em nada além dele.

Em 24 horas, 95% ela pensa nele e no restante dos 5% é o tempo em que ela esta dormindo... Sonhando com ele. Na verdade o seu tempo é doado à outra vida, não resta nem um segundinho para pensar nela, na paz mundial ou em qualquer outra coisa. Ela vive por ele e não tem como negar e muito menos mudar um trajeto de tempo e vida onde quem manda não é a razão e sim o coração.

(AL. Gonçalves)

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