quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O mundo e seus clichês

Tem dias que nós somos obrigados a acordar bem, mesmo que as olheiras ainda insistentes apareçam, mesmo que o lado mulherzinha baixe logo às seis da manhã. Temos a obrigação de acordar, porque dormir no ponto não dá, é perda de tempo. Pode-se tentar de modos diferentes colocar um objeto de formato triangular em uma forma de geometria quadrada, mas acontece que é algo impossível e insistir impiedosamente no impossível, é burrice.

Sabe qual é a maior ironia da vida? É dizermos que andamos não fazendo nada, pois por um bom tempo o mundo deu uma pausada brusca em nossas vidas monótonas e igualmente idiota, quando na verdade vivemos fazendo movimentos elípticos, rotações e translações e mais alguns tipos de voltas redondas, indiferentes e chatas que fazemos em trezentos e sessentas e cinco dias.

Quando não há um ponto para o começo, o meio e o fim... É difícil seguir em frente, mesmo que sem ter um centro do mundo, do nosso mundo, temos que andar por ai, continuamente, dando voltas e mais voltas. Encontremos Plutão. Encontremos Marte. Encontremos Júpiter e alguns outros planetas que tenha por ai. Sempre procuramos algo onde não tem, um ponto onde não há fim, um centro no canto do mundo, sempre procuramos por uma luz que nos guie, por uma luz que seja a razão do mundo ser mundo, o motivo para que os opostos se atraiam. Um motivo para que as diferenças sejam tentadoras. Procura-se, pelo menos por mim, um motivo para que eu desista de você e eu, ou se preferir, nós.

(Ana Luiza G.)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Inútilidade

Em meio a uma tarde inútil, de um dia mais inútil ainda, aonde mais uma vez cheguei as cinco da madrugada, sem meu amor próprio e mal acompanhada. Senti uma dor arrepiante de cólica, onde dormi três horas direto, meio dopada de Dorflex misturado com Bi-profenid e uma ressaca de Skol e Brahma. Para curar tudo isso resolve sonhar tremula e debaixo de três cobertores.
Enquanto isso eu abro mais o meu buraco, tento dilatá-lo para ver se cabe mais um pouco de vento solitário, enquanto grito, rolo e choro debruçada para ver se minha dor passa. Dor menstrual mistura com dores da vida.
Enquanto alguém pede com “carinho fingido” algum favor, enquanto faço sem olhar nos olhos, enquanto eu tento me achar mulher, enquanto tudo isso vai acontecendo vejo que já não há verdade no meu coração, para falar a verdade, vejo que só sobrou uma metade minha aqui compactada nesse corpo insolente. Garçom mais uma dose de solidão bem caprichada pra essa filha da mãe aqui!
Novamente tento ser poeta de uma historia mal contada, de uma pessoa que brinca o tempo todo de vivo ou morto, que escuta Cazuza quando está na pior, que é mal amada por todos ao seu redor, ou pelo menos se acha mal amada, que fingi acreditar no que falam por ai e que convence a todos que está acreditando. Abre os olhos garota, já passou da hora de ir pro colégio, os remédios não fizeram efeito como já era de se esperar!
(Ana Luiza G.)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

P.S.: Sou uma idiota

  Hoje tenho a consciência que se não demonstramos tudo aquilo que realmente sentimos, por mais q seja intenso de mais ou que você pareça um idiota falando um longo e afetuoso "eu te amo, você é o amor da minha vida!", corremos o risco de perder o que temos de mais importante em nossas vidas!
(Ana Luiza G.)

P.s.: Desculpe-me por não ter te dado o meu melhor e não ter sido tudo aquilo que você merecia! 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Por favor... não tire isso de mim !

Com um sorriso passageiro e insano me lembro com um gosto acido de limonada na boca, alguns pingos em minha blusa branca e olhos lacrimosos, recordo-me dos grãos miúdos, pequenos, quase partículas que havia deixado para traz. Um dia desses me lembrei de uma pescaria que fiz com meu pai, onde ele ensinava àquela miniatura de vassoura invertida a colocar a minhoca nojenta na vara de pescar, e a ter paciência de esperar a vara se envergar - o que era sinal de peixe iscado -. Nunca fui fera nisso, mas meu pai... Nossa... O meu pai é o senhor da pescaria, sempre me encantei com essa habilidade quase glorificante que ele tem.

Um dia, deitada encolhidinha no sofá como de costume fazia quando era menininha descabela, me lembrei das vezes que eu ficava brava com a mamãe e ia correndo pro meu quarto chorar sem ao menos saber o motivo, chorar apenas por chorar, só pra não acumular muitas lagrimas nos olhos, a melhor parte da corrida até meu quarto e da cachoeira desenfreada e sem sentido que descia dos meus olhos era quando minha mãe abria a porta mancinho como uma brisa e vinha ligeira me dar um abraço banhado a “eu te amo Aninha!”, aquela sensação de segurança e afeto vinha como uma enxurrada tapando com toda a força qualquer vazio que existisse em mim.


O tempo passa e eu não sou mais aquela pirralinha japonesa de cachinhos queimados pelo sol, nem mesmo brinco de correr pela casa com meu irmão e nem o obrigo mais a brincar de casinha, bem que eu queria ainda ter essa idade, mas por mais que eu grite, berre, tente ecoar minha loucura toda aos céus pra ver se alguém pelo menos escuta, não dá, não tenho mais tempo, já se foi àqueles dias, àquelas horas, aqueles minutos e segundos. Agora os tempos são outros, já não tenho a paciência que meu pai tanto me ensinou, nem mesmo a segurança que a minha mãe me transmitia, nem a capacidade de ser feliz apenas por brincar de correr, os tempos são outros, difíceis e solitários, são barreiras que descobrimos quando deixamos de ser inócuos, é como se estivéssemos fazendo um contrato inconsciente com um futuro incerto e indiferente, onde tentamos não perder nossas origens, mas vem o mundo sujo e suga tudo isso por inteiro, sem piedade, sem misericórdia  e o que fica são apenas lembranças de algo tranqüilo que não viveremos nunca mais!
Obs.: Não tenha medo de dividir o seu amor.
(Ana Luiza Gonçalves)