Ele havia me contaminado por inteiro, um contágio rápido e indolor. Sem duvidas ele era um parasita, como o que provocou a crise no sistema feudal. Contradizia-me a todo o momento, ele me dizia coisas como as musicas de Caetano, tudo soava muito mais sereno ao seu lado. Eu no pico da minha teimosia e ele sempre com uma santa paciência, algo que me fazia por vezes ceder um abraço e um ósculo bem melado.
Eu nunca fui muito poética, para mim não era necessário dar voltas e mais voltas como um pião para falar sobre algo complexo como o amor, sempre fui oito ou oitenta, o tempo todo tentava viver tudo o que era possível e impossível, um verdadeiro queijo com goiabada. Enquanto eu tentava misturar o doce com salgado, ele me mostrava, ou pelo menos tentava me mostrar o gosto da boêmia, algo sem compromissos, um carpe diem.
Era desnecessária toda a correria cronometrada, o tempo que estava perdendo tentando ganhar mais tempo, era inútil o gasto físico e mental por esse caótico mundo, mas como ele havia me mostrado, o planeta ganhava mais se existissem mais duas pessoas se amando de verdade, como eu e ele, e então voltávamos a nos abraçar, como se estivéssemos mostrando pra quem quisesse olhar da fechadura do seu quarto a paz que o amor trazia em nossas vidas e essa paz não é algo inexistente, é real, é a paz que cura ferida, que ergue bandeiras brancas, que nos traz sensações ilegíveis internamente e que abrange para o mundo externo toda a positividade necessária.
(Ana Luiza G.)